*Adriana Ortiz
MVP (Minimum Viable Product – Produto Minimamente Viável) é um teste de conceito que pode ser feito para verificar se uma ideia faz sentido e quais seus impactos. Ele nos ajuda a entender se uma visão inicial se concretiza como uma ideia plausível e aplicável na “vida real”.
Como somos especializados em digital e normalmente oferecemos consultoria para indústrias e empresas de varejo já consolidadas, frequentemente fazemos testes de conceito buscando validar e preparar minimamente operações para um pedido digital e testar a operação interna da empresa. Vale lembrar que a equipe do cliente que vai operar o MVP, na maioria das vezes, não está acostumada com o mundo digital e suas implicações no dia a dia da operação da empresa e é nosso objetivo fazê-la vivenciar a nova rotina. Por isso, normalmente sugerimos aos nossos clientes que façam o MVP tornando-se vendedores (sellers) nos principais marketplaces, de forma que a empresa possa começar a vivenciar o processo de venda pela internet com produtos assistidos e cuidadosamente pré-definidos.
Algumas das principais vantagens de se começar uma operação digital sendo vendedor em um marketplace são: utilizar a plataforma de outra empresa mais experiente para vender seus produtos; escolha de mix de produtos que quer vender, podendo subir para venda apenas produtos estratégicos; não precisa cuidar do processo de aprovação do pedido; não precisa ter plataforma de e-commerce; tem a opção de antecipar os pagamentos; beneficia-se do marketing e da mídia feitos e pagos pelo marketplace e o atendimento ao cliente, que normalmente é feito pelo próprio marketplace.
O MVP é o modo mais simples de testar e organizar a operação da empresa sem demandar grandes investimentos iniciais. Normalmente aproveita-se o projeto para validar, preparar e estruturar minimamente os departamentos de logística, atendimento, cadastro de produtos, jurídico, tributário e compras.
É natural que uma empresa inicie uma estratégia digital sem saber os consequentes impactos em sua operação. Na logística, por exemplo, investigamos se há uma operação rodando com WMS (sistema de gestão de armazéns), se há separação por onda, etiquetas nos endereços e produtos, se há produtos que necessitem de alteração de cadastro para facilitar a bipagem e separação. Definimos o picking, packing. Negociamos as transportadoras que farão as entregas dos produtos entre tantas outras particularidades, que são cuidadosamente analisadas e implementadas em poucos produtos para facilitar os testes.
Mesmo que o atendimento ao cliente seja feito pelo marketplace, o vendedor ainda assim precisará estar preparado para instruir a equipe do marketplace a resolver os problemas dos clientes. Isso torna necessário avaliar, entre outras coisas, a estrutura do departamento de atendimento, os sistemas, a quantidade de atendentes, as implicações do chargeback (cancelamento de uma venda feita com cartão de débito ou crédito), assim como fornecer o treinamento básico e definir as tratativas para as redes sociais.
Já a equipe de cadastro de produtos começa a ter o entendimento do conteúdo necessário para vender na internet e de que maneira a conversão está relacionada aos requisitos da página de produtos. Também fazemos uma análise inteligente para a escolha do sortimento que comporá o MVP, utilizando critérios como margem dos produtos, giro, capacidade do fornecedor em repor o estoque, audiência do produto na internet e ticket médio.
As equipes jurídica e tributária podem ser acionadas durante o MVP para validar os CNAES e fazer a abertura de novos CNPJs, assim como analisar e produzir contratos.
O comercial pode ser envolvido caso o seu processo de compras gere problemas no recebimento dos produtos, uma vez que temos que garantir que os produtos tenham rápida reposição em vendas sem estoques, diminuindo a possibilidade de cancelamentos de pedidos.
Quando o MVP for para mais de um marketplace, sugerimos também a contratação de um hub para fazer a integração dos produtos do ERP do cliente com as plataformas de e-commerces negociados para o MVP.
Em geral, estimamos de 3 a 6 meses para colocar o MVP no ar e o tempo varia em relação a estruturação que é necessária fazer. Se houver a necessidade de implementação ou customização de algum sistema, naturalmente que o projeto acaba se estendendo um pouco mais. Porém, como trata-se de uma experimentação, nada impede de subir um produto para teste mesmo sem a estrutura mínima pronta, para que o cliente possa vivenciar toda trajetória da venda dentro de sua operação, de forma que consiga materializar e absorver a importância de cada requisito e atividade que elencamos como mínima necessária.
Dessa forma, a implementação de um MVP para iniciar um e-commerce abrange, de forma geral: a definição do marketplace, análise da variedade de produtos que serão vendidos, entendimento dos problemas emergenciais que precisarão ser sanados na operação, contratação do ecossistema básico para auxiliar na realização do pedido online, roteiro de testes para validar a nova operação e treinamento da equipe.
Assim, conseguimos fazer com que o cliente obtenha a melhor curva de aprendizado possível com o menor nível de exposição, protegendo sua marca e operação durante a estruturação do novo projeto digital.
*Adriana Ortiz é gestora de atendimento e consultora especializada em processos de E-Commerce da TopperMinds
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