Mais difícil do que construir um patrimônio é transmiti-lo entre as gerações. Podemos dividir as fases de construção de um patrimônio em duas: a construção e a perpetuação.
Na fase de construção toda energia, tempo, recursos, riscos são concentrados em uma empresa, negócio ou atividade profissional, que com o passar do tempo começa a gerar dividendos e, consequentemente, poderão ser investidos em outros ativos, como: imóveis, investimentos financeiros e outras empresas. Neste momento se inicia a fase de perpetuação e uma nova estrutura de gestão deve ser criada para administrar o patrimônio conquistado.
Neste momento surgem os Family Offices ou Estruturas de Gestão de Patrimônio de Famílias, criadas para segregar a gestão do patrimônio familiar das empresas operacionais. Ainda é muito comum, mesmo em grandes empresas, encontrar um departamento, secretária ou financeiro que acumulem estas funções. Muitas vezes, os recursos distribuídos são investidos pelos mesmos canais de investimento da empresa operacional. Esta prática, além dos problemas de comunicação de riscos, falta de eficiência e planejamento, faz com que o sigilo e confidencialidade sobre o patrimônio conquistado sejam praticamente inexistentes.
Um Family Office pode atender uma ou mais famílias, sempre com o objetivo de integrar soluções de administração e avaliação de ativos de forma racional considerando: o perfil, os objetivos, as necessidades e as aspirações de todos os envolvidos no processo.
Muito se fala que os Family Offices são serviços para bilionários, que certamente têm suas estruturas, mas é importante saber que esse trabalho é mais comum do que se imagina. A própria segregação da gestão, em uma estrutura separada da empresarial, pode ser o início de um Family Office.
Como sabemos as famílias, na sua maioria, crescem mais rápido do que os patrimônios e, por essa razão, apenas 33% dos patrimônios e empresas chegam à segunda geração e destes somente 15% sobrevivem à terceira geração. Por isso, a função do Family Office é lidar com as questões de governança familiar e dar racionalidade ao processo de gestão do patrimônio.
Seu valor só será percebido quando os envolvidos se sentirem atendidos nas suas demandas pessoais. São também funções de um Family Office a formação e a preparação das próximas gerações, tanto para leitura de relatórios e informações sobre o patrimônio, como orientar a conduta pessoal e ética dos seus integrantes.
A preservação da história familiar, seus valores e missão são de suma importância para a formação e orientação das futuras gerações, pois os herdeiros precisam perceber quanto trabalho e dedicação foram colocados para que pudessem ter uma vida segura e cheia de oportunidades.
Por fim a função primordial de um Family Office é a manutenção do padrão de vida conquistado e assegurar que seus acionistas tenham um padrão sustentável.
Paulo Colaferro é sócio fundador da Taler – www.taler.com.br
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